Está equivocado quem afirma que o Senado Federal é a Casa da Mãe Joana. Nenhuma Joana manda lá, na verdade, nenhuma figura específica manda, e sim os interesses. Mas, teoricamente, quem manda é o senador e ex-presidente da república, José Sarney, portanto é a Casa do Pai José. Piada sem-graça a parte, é assustadora a enxurrada de denúncias envolvendo a Casa do Pai José nas últimas semanas. Vou citar só algumas, afinal, isto é um blog, não um aterro sanitário.
O senador Tião Viana (PT-AC), por exemplo, é um pai muito preocupado, um verdadeiro exemplo de chefe de família. Prova disso é que o senador emprestou para a filha o celular cedido pela Casa para que ela usasse numa viagem de duas semanas para o México. Tião alegou que teve receio de não conseguir falar com a filha durante a viagem, por isso teve a brilhante idéia de emprestar o celular. E tem mais, ele recomendou que ela apenas recebesse ligações, nada de extrapolar! Ainda bem que ele se preocupa com os gastos públicos, né! Depois que a farra do celular viajante virou manchete dos jornais Brasil afora, Tião tratou de se oferecer para pagar a bendita (ou maldita) conta. Como diz o poeta: "O mundo é bão, Sebastião...".
O outro escândalo é o que diz respeito ao número de diretorias no Senado Federal. Ao todo são 181, o que chega a ser uma piada se considerarmos que o número de senadores no Brasil: 81. Logo de cara parece um absurdo, até para mim que não tenho a menor familiaridade com números, na verdade eu os odeio. Mas esse escândalo tem outros números assustadores. Os diretores do Senado chegam a receber uma bagatela de R$ 18 mil, além de uma gratificação de R$ 2 mil. Salário de miséria, diga-se de passagem. Quando Sarney (mais conhecido como dono da Casa do pai José) assumiu a presidência do Senado, lá nos primórdios de fevereiro, prometeu reduzir pela metade o número de diretorias, mas depois que esse número virou piada sem-graça nas mesas de boteco ele vai além. Depois do cortes restarão 81 diretorias, o que corresponde a uma por senador. Simétrico, né! Exato como a ciência dos interesses que domina a política nacional.
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